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“É importante que as pessoas se sintam bem na cidade onde elas vivem”, diz Fabrício Faro

Confira a entrevista exclusiva com o professor Fabrício Faro concedida ao jornalista Paulo Dias

13/02/2025 06h33 Atualizada há 4 meses
Por: Redação
“É importante que as pessoas se sintam bem na cidade onde elas vivem”, diz Fabrício Faro

Fabrício Faro já nem lembra mais como é ser um soteropolitano, passou a vida adulta toda em Alagoinhas, formou família, é professor da UNEB e do IFBAIANO na área de tecnologia e diretor da Faculdade Santíssimo Sacramento, onde trabalha há mais de 20 anos. Casado com Adriana, filha de uma precoce liderança política da cidade, Marco Antunes. É pai de Miguel e Gabriel.

Já gostava da cidade, quando estudante, a conheceu, trazido por um colega alagoinhense de faculdade e se tornou dela cidadão em 2019 oficialmente. Aos 21 anos aportou aqui para morar como cargo de confiança da Secretaria Municipal de Educação. Hoje aos 49 anos, preside, há dois anos, o União Brasil, uma das mais importantes legendas do país que em Alagoinhas vem assumindo papel destacado nas últimas eleições, como também no âmbito do Estado, com a liderança de ACM Neto e do deputado federal Paulo Azi. Conquistou prefeituras relevantes como Feira de Santana, Ilhéus, Lauro de Freitas e Mata de São João.

Fabrício pensa em Alagoinhas, cidade onde intensificou sua vocação política, de maneira incomum. O ex-membro de grêmio estudantil na época de Colégio, que se tornou um dos melhores secretários de educação, dito isso pelo funcionalismo público e candidato a vice-prefeito em 2020, considera que o mais importante em uma cidade é que as pessoas se sintam bem em conviver nela e que tenham condições de trabalho. "Alagoinhas pede uma revolução urbanística, arquitetônica e paisagística e um empreendedorismo cada vez maior". 

Segundo ele, a Prefeitura não faz sua parte em questões mínimas como a zeladoria da cidade, ajardinamento, pintura de meio-fio, limpeza diária, poda de árvores e o recapeamento do asfalto. Por consequência os lojistas vão também perdendo o senso estético. Já existe uma diferença de nível neste aspecto entre a parte mais antiga do comércio e a praça Rui Barbosa. Por coincidência a arquitetura foi um dos ramos que não se desenvolveram bem na cidade, regrediu-se. Antes havia atuações como de Lutefledo Filho, Lithos Silva, Joilson e Edson Carneiro para citar alguns.

Exemplo disso ocorreu na construção do Galpão de Vestuário, na Central de Abastecimento. Ele acha incompreensível se investir algo em torno de R$ 5 milhões na cobertura e não se ter adquirido barracas novas para os vendedores. Um outro exemplo é a entrada da cidade, no trevo que conecta a parte urbana com a BR 101 e a Ba que liga à Araçás e ao Litoral Norte. Segundo Fabrício, não existe nada ali que seja atrativo para quem passa desperte o desejo de conhecer a cidade. O mesmo citou a entrada da cidade Santa Inês, no interior baiano, com 10 mil habitantes.

“Você passa na entrada de Santa Inês e é atraído pela beleza do local e pelas réplicas de dinossauros expostas em conjunto com um belo paisagismo.”

Antes de falar dos grandes investimentos, ele observa que, também em termos de elevar a autoestima do cidadão que mais precisa, foi um erro instalar a Praça dos Esportes no centro da cidade, em um bairro de elite. A ideia do deputado Paulo Azi era que a praça fosse construída no Barreiro e que, gradativamente, cada bairro fosse adquirindo um equipamento semelhante. O mesmo vale para os parques ecológicos — hoje, nem o de Alagoinhas Velha existe mais.

Alagoinhas, para Faro, deve ser pensada para os próximos 100 anos, com a abertura de largas avenidas e o estabelecimento de seus eixos de desenvolvimento. A implantação do centro administrativo será um dos definidores desse processo. Fabrício considera que esse empreendimento já deveria ter sido realizado, assim como o Hospital Regional. “Não podemos permanecer com a Prefeitura toda esfacelada, desarticulada, com difícil acesso ao cidadão e pagando aluguéis exorbitantes.”

Além do aspecto arquitetônico, os centros de saúde e as escolas precisam ser reformados, ampliados, informatizados e climatizados. Praticamente não há unidades escolares públicas de tempo integral, e as unidades de saúde dos bairros, além de precárias, só atendem a população até as 17h.

Fabrício, que já foi secretário de Educação por dois anos (2017/2018), critica a ênfase dada ao crescimento do IDEB entre 2021 e 2023, que foi de apenas 0,1 ponto nos anos iniciais. Já nos anos finais, o IDEB decresceu 0,3 pontos. No seu período à frente da pasta, houve um avanço de 0,5 pontos nos anos iniciais, e ele não viu a grande maioria dos veículos de comunicação divulgarem esses números, que foram bem mais positivos.

A melhoria desse índice resulta da soma de vários fatores, tanto diretos — como a formação continuada dos professores, o reforço escolar e a avaliação periódica da rede — quanto indiretos, como alimentação, transporte, adequação do espaço físico e aspectos psicossociais. A saúde, a segurança pública, a cultura, o lazer e o bem-estar na cidade (autoestima) influenciam diretamente no rendimento escolar, segundo Fabrício. “Por isso, Mata de São João, próxima à nossa cidade e com muito menos habitantes que Alagoinhas, tem nota 6,7 no IDEB, todas as escolas são de tempo integral e os estudantes levam pão e leite para casa diariamente”, salienta.

Alagoinhas tem um grande futuro como município, de acordo com Fabrício. Possui potencial para o turismo de negócios, pois tem o diferencial de estar interligada a menos de uma hora do Litoral Norte. Um imenso manancial de água no seu subsolo pode emergir em balneários. Recentemente, Nova Soure foi citada pelo jornal A Tarde como uma relevante produtora de frutas — essa atividade já fez parte da história da cidade como impulsionadora do desenvolvimento e não só pode, como deve, ser retomada, diz o professor.

A Estação de São Francisco e a Igreja Inacabada são patrimônios únicos que contam a história do país, principalmente a de sua pecuária. Além disso, a cidade possui uma cultura forte, um celeiro de artistas, que são desprezados como se não fossem uma fonte de riqueza.

Assim como a cultura, para Fabrício, os empreendedores locais precisam ser reconhecidos e estimulados, pois são os verdadeiros geradores de empregos, sem deixar de valorizar o papel da industrialização com o polo de bebidas. Alagoinhas precisa ser melhor tratada e melhor “vendida”. “Existe aqui um polo educacional de excelência, com custos baixos, que necessita de melhor divulgação para despertar o interesse de profissionais e empreendedores de vários níveis e áreas. Com uma cidade bem cuidada, os vários setores da economia se beneficiariam, pois os profissionais que já são formados aqui desejariam nela permanecer para sempre. Com uma cidade pujante, bonita e bem desenvolvida, isso é possível, o que vale para vários segmentos. Fariam como eu fiz há 28 anos.”

 

Fonte Portal Pereira News

 

Por Marcio Ramos

Jornalista DRT5202/BA

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